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  • Foto do escritorTudo Sobre Pós-graduação

Carta ao orientador

                                                                                 Pós-graduação, 17 de março de 2017.

Querido orientador,


Tudo bem com você ? Parece-me  que sim, a cada ano aumenta o seu  número de publicações bem como suas parcerias científicas! O “projeto Nature” ainda está de pé?


Bom, comigo está tudo bem, sobrevivi à pós-graduação!!!


Estou te escrevendo porque me lembrei de algumas coisas, digamos que eu esteja fazendo um review na minha vida!


Lembro-me do dia em você me apresentou o laboratório e meus futuros colegas de grupo, seus cúmplices, sim,  seus cúmplices. Estavam todos lá, com a carinha de feliz, rindo e trabalhando em seus ótimos computadores na salinha dos pós-graduandos, ninguém me disse nada, do tipo, foge daqui enquanto dá!


Algum tempo depois, você foi apresentar o laboratório para outro colega que estava chegando, quando vocês saíram, alguém disse algo assim: “me lembro do dia em que mordi a isca”, é uma ótima analogia né não? Ele deve ter dito a mesma coisa quando você e eu saímos daquela salinha!


No laboratório, você me mostrou aqueles aparelhos super modernos, mas não disse nada daquele gringo insuportável que cuidava de um deles, nem falou do técnico que “cuidava” dos outros aparelhos, ele só queria se aposentar e sumir dali, quanto dinheiro público gasto com quem não quer trabalhar!


Quanta raiva você me fez passar em 6 anos! Você me apresentou a “Disneylândia”, era tudo lindo, pouco tempo depois eu me vi na “Caverna dos Dragões, sem saber onde era a saída!

Vi colegas reclamando da vida, outros chorando (literalmente), vi gente entrando em depressão e vi gente desistindo da carreira acadêmica, mas,  também vi pessoas completamente apaixonada pelo o que estavam fazendo!


Não foi fácil…


Quando eu chegava em sua sala e fazia uma pergunta simples, você enrolava, enrolava, enrolava e não respondia o que eu precisava, no fim, eu saía de lá e ainda dizia muito obrigado!


E as vezes que eu fui na sua sala para discutir os meus resultados, mas você olhava para mim com aquela cara de que não tinha a menor ideia do que se tratava a minha tese? Ou, quando me mandava fazer coisas que as vezes duravam uma semana, parecia que eu estava reinventado a roda, no final você dizia: “está tudo errado, faz de novo”.

Ah, eu te matava com os olhos!


O mesmo ocorria quando você me dava um artigo de 40 páginas para ler, mas poderia ter resolvido meu problema com 3 frases.


E na minha defesa de doutorado, quando você disse para a banca que havia corrigido minha tese às pressas, no avião, se eximindo de qualquer culpa por alguma bobagem que eu poderia ter escrito,  tive vontade de TE ESGANAR!


Mas, apesar do que está relatado acima, esta carta é para te agradecer! Hoje eu tenho plena consciência que eu sou uma pessoa melhor! Fui onde nunca imaginei ir, aprendi coisas que eu nem sabia que existiam e tenho um título de doutor. A sua participação foi fundamental no processo da minha formação como ser humano e profissional!


O muro da construção do conhecimento se dá tijolo a tijolo, começando por uma base bem sedimentada, talvez seja esse o princípio que pautou nossa relação, não sei se foi o melhor pra mim e não se foi o melhor que você poderia dar, enfim, o que passou passou, MUITO OBRIGADO POR TUDO!


Ass: seu orientando

PS: se um dia eu for um professor doutor phDeus pica das galáxias, farei com que meus alunos sintam orgulho de mim, que tenham prazer de ir em minha sala e que me convidem para ir em todos os churrascos! #ficaadica


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