A professora universitária Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida desistiu de orientar dois de seus alunos de doutorado no curso de farmácia da Universidade Federal do Amapá (Unifap) por eles serem, segundo ela, "esquerdistas". A medida foi anunciada no whatsapp do grupo de pesquisa.
"Procurem outro professor para orientar vcs. Amanhã estarei entregando a carta de desistência da orientação de vcs. Não quero esquerdistas no laboratório. Portanto, sigam a vida de vcs. E que Deus os abençoe. Se tiver mais algum esquerdista, que faça o favor de pedir desligamento. Ou estão comigo, ou contra mim", escreveu a professora Sheylla Susan.
O caso está tendo bastante repercussão nas redes redes sociais, principalmente no meio acadêmico. Já se manifestaram a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), onde tudo aconteceu; a Universidade do Estado do Amapá (UEAP), instituição a qual uma das alunas é vinculada; e a própria professora publicou uma nota com um pedido de desculpas.
Confira abaixo:
Nota da UNIFAP
A Universidade Federal do Amapá tomou conhecimento por meio das redes sociais de um fato caracterizado como assédio, desta forma, vem a público mostrar sua indignação e contrapor toda e qualquer forma que reprima o pensamento ou liberdade de nossos acadêmicos e servidores.
Registra-se que a UNIFAP não concorda com tal conduta e os fatos estão sendo apurados, bem como serão adotadas as providências necessárias após as devidas apurações.
Nota da UEAP
A Gestão da Universidade do Estado do Amapá (UEAP) vem a público manifestar solidariedade a Professora Débora Arraes, docente do quadro efetivo da UEAP e atualmente aluna de doutorado da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), que sofreu opressão e assédio por posição política por parte de sua orientadora.
Estendemos o sentimento a todos os alunos que tenham sido submetidos a alguma forma de assédio em função de posicionamento partidário. Salvaguardando, sempre a manifestação política respeitosa dentro da nossa universidade.
Manifestamos ainda repúdio a qualquer ação de assédio provocada no ambiente acadêmico, seja nas graduações e programas de pós-graduações contra seus alunos ou servidores da instituição, em função de posição política, ou qualquer outra motivação.
Acreditamos e trabalhamos para que a liberdade de opiniões possa e deva prevalecer no meio acadêmico e no ambiente social em seus diferentes formatos e formas de expressão, em respeito ao Estado Democrático de Direito em que vivemos no nosso país.
Nota da professora
Pedido Público de Desculpa
Eu, Sheila Susan, professora efetiva do Curso de Farmácia da Unifap, venho manifestar acerca dos fatos ocorridos em um grupo de WhatsApp que envolve dois alunos, meus orientados.
De início, cabe esclarecer que sou ser humano como qualquer outra pessoa capaz reproduzir sentimentos instantâneos.
Dessa forma, no calor das eleições, acabei me excedendo nas palavras onde disse para dois alunos que procurassem outro Orientador.
No entanto, minha missão como professora não acolhe esse tipo de conduta, posto que dediquei a minha vida pela educação.
Não serve preferência política, por razões pessoais, para segregar alunos e deixa-los a própria sorte.
Meus alunos são as peças mais importantes do binômio Aluno/Professor.
Assim, assumo que me excedi nas palavras e peço desculpas pelo ocorrido, as eleições passam e a educação fica!
Peço desculpas aos meus Alunos Líbio e Débora, à sociedade, bem como à Unifap.
Entendemos a universidade como espaço de diálogo, educação, crescimento e principalmente de liberdade de escolha e pensamento! Comportamentos como esse demonstrado pela professora Sheylla Susan devem ser denunciados, investigados e punidos.
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