Algumas das pessoas mais inteligentes, competentes e que trabalham incansavelmente, sofrem de um fenômeno debilitante, uma distorção que faz com que elas pensem que são burras, incompetentes e preguiçosas. Além disso, elas pensam que estão “enganando” as pessoas quando conseguem alcançar seus objetivos e, um dia, serão “desmascaradas” e expostas à vergonha.
Esses são alguns sintomas da Síndrome do Impostor, que tem sido o assunto principal de vários livros e ensaios acadêmicos por psicólogos e educadores.
As vítimas da Síndrome do Impostor são pessoas que jamais creditam seu sucesso à inteligência, competência ou habilidade pessoal. Elas se convencem de que os elogios e reconhecimento de outros em relação à sua conquista não são merecidos, atribuindo suas realizações à sorte, a algum encanto repentino, contatos ou outros fatores externos.
As pessoas que sofrem este tipo de síndrome parecem incapazes de internalizar os seus feitos na vida. Não importando o nível de sucesso alcançado em sua área de estudo ou trabalho, ou quaisquer que sejam as provas externas de suas competências, essas pessoas permanecem convencidas de que não merecem o sucesso alcançado e que de fato são apenas fraudes.
A Síndrome do Impostor é comumente encontrada no mundo acadêmico, especialmente entre estudantes de mestrado e doutorado. É um problema recorrente entre alunos com bom desempenho que se encontram rodeados de outros como eles.
Frequentemente, pesquisadores e cientistas têm a sensação de que não mereciam um artigo naquela revista consagrada. Que seus coautores se dedicaram mais do que eles próprios. Que não têm competência para dar a palestra para a qual foram convidados num congresso e subir no palco só exporá quão despreparados são. Sentem que não merecem o título, a vaga de emprego ou o aceite do artigo. Mesmo que exista um histórico de realizações.
Independente do padrão de funcionamento, as pessoas com essa síndrome apresentam sistematicamente comportamentos autossabotadores, de modo que prejudicam a sua performance, os resultados almejados e a percepção sobre eles.
Estudos recentes indicam que a Síndrome do Impostor pode estar relacionada com Burnout.
Um estudo realizado em 2016 demonstrou, por exemplo, que estudantes de medicina norte-americanos que se sentem impostores também apresentaram propensão a demonstrar "maiores níveis de exaustão [física], exaustão emocional, cinismo e despersonalização" — sintomas muito similares à definição de burnout pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
E uma pesquisa internacional com 10 mil trabalhadores do conhecimento — aqueles que usam principalmente seus conhecimentos, informações e inteligência para desenvolver seus trabalhos — realizada pela plataforma de administração do trabalho norte-americana Asana, concluiu que 42% deles acreditavam ter sofrido Síndrome do Impostor e burnout ao mesmo tempo.
Segundo Sahar Yousef, neurocientista cognitiva da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos "quando você observa um indivíduo que sofre da Síndrome do Impostor, ele é mais propenso a sofrer burnout. E as pessoas que enfrentam burnout são mais propensas a sofrer a Síndrome do Impostor".
Seja qual for a causa, a Síndrome do Impostor pode criar problemas reais no trabalho e até na vida pessoal. Aqueles que lidam com o problema tendem a apresentar os seguintes comportamentos:
a) Dificuldade em aceitar elogios como sendo natural e de forma genuína;
b) Sentir que outras pessoas com as mesmas responsabilidades são de alguma forma mais qualificada, ou melhor, do que você;
c) Tem medo de novas responsabilidades e desafios, porque eles mostrarão seu fracasso;
d) Reação anormal à crítica construtiva;
e) A ansiedade e medo dos outros enxergaram e descobrirem sua falta de habilidade;
f) Tornam-se um workaholic e trabalham extraordinariamente para encobrir sua ‘suposta’ inaptidão e incapacidade;
g) Transformam-se em um funcionários burocráticos e não se esforçam para nada além da sua obrigação.
h) Costuma boicotar entrevistas de emprego, chega atrasado no trabalho e não se prepara corretamente para uma atividade importante.
Somente a título de curiosidade, uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriu o que pode ser uma vantagem dos “impostores”. Segundo a pesquisa, pessoas que desenvolvem a Síndrome do Impostor são propensas a desenvolverem boas relações interpessoais nas equipes em que trabalham, colaborando para o resultado coletivo.
Para Basima Tewfik, uma das autoras da pesquisa, o sentimento de inadequação leva os “impostores” a se esforçarem mais para lidar com colegas e clientes, o que os tornaria mais competentes no campo das habilidades sociais.
A verdade é que o grau de sofrimento gerado pela Síndrome do Impostor não deve ser desconsiderado, como em qualquer problema que temos na vida, é preciso buscar ajuda e formas de solucioná-lo, de preferência com profissionais especializados no assunto! Afinal, você não pode deixar o medo impedi-lo de ser a melhor versão de si mesmo.
Fontes:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/02/voce-sofre-da-sindrome-de-impostor-entenda-como-ela-funciona.html
https://www.ijme.net/archive/7/impostor-syndrome-among-american-medical-students/
https://asana.com/pt/resources/anatomy-of-work
https://www.bbc.com/worklife/article/20220517-the-link-between-imposter-syndrome-and-burnout
https://www.bbc.com/portuguese/revista61596766#:~:text=Um%20estudo%20de%202016%20demonstrou,burnout%20pela%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da
https://www.jornaldafranca.com.br/pesquisa-revela-vantagem-inesperada-para-quem-tem-sindrome-do-impostor-veja-qual/
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